Introdução


Parece absurdo falarmos em administração de sistemas com os computadores modernos, devido à simplicidade das interfaces visuais e sistemas operacionais mono-usuário existentes. Realmente, com a maioria das instalações "de brinquedo", baseadas principalmente no Microsoft Windows[1] ou no MacOS [1], torna-se supérflua esta atividade. Mas com a proliferação de sistemas operacionais avançados como o Linux ou as várias versões do BSD, a potência de um mainframe é deslocada aos computadores desktop, suportando multitarefas reais, vários usuários[4], automação de tarefas, muitos programas com o modelo cliente/servidor, e muitas outras características outrora limitadas a computadores de maior porte. Recentemente, vários clusters de até algumas centenas de microcomputadores despertaram preocupação do governo americano devido à sua colocação no ranking dos supercomputadores, o que viabilizaria a sua utilização no projeto de artefatos nucleares.

Aos usuários de sistemas operacionais mais primitivos, a riqueza de comandos do Linux[2] torna-se ameaçadora. Com a persistência, poderemos notar que o domínio gradativo de todas estas facilidades traz benefícios incontáveis, principalmente na velocidade com que poderemos realizar tarefas que, de outra forma, poderiam requerer o desenvolvimento de outros programas. Podemos dizer que o Linux (e os Unices em geral) aumentam em muito a produtividade do usuário devido exatamente a esta riqueza de ferramentas, muitas delas de uso comprovado por várias décadas. Mesmo as aplicações com GUI[2] normalmente são escritas de forma modular, como um programa ou biblioteca "normal", inteiramente independente da interface gráfica, o que simplifica sua depuração e permite o uso de vários toolkits diferentes que mudam a aparência da aplicação ao gosto do usuário.

O Linux estritamente falando, é apenas o kernel do sistema que hoje conhecemos como Linux. Desenvolvido pelo programador finlandês Linus Torvalds, hoje conta com alguns milhares de contribuidores ativos, espalhados pelo mundo inteiro. Muitas contribuições vêm de fontes diferentes: O GCC (compilador C), gmake, bison, flex, e outros programas provém da Free Software Foundation e seus contribuidores, normalmente liberadas com licença estilo GNU. Grande parte dos utilitários de rede, são provenientes de distribuições da Universidade de Berkeley, com licenças menos restritivas que o GNU, conhecidas como BSD. O sistema de janelas X (também conhecido como X-Windows), foi desenvolvido originalmente pelo MIT, com o contrato envolvendo a Xerox Corporation e hoje é mantido por uma associação (X-Open). A versão usada com o Linux normalmente provém de uma outra organização com nome XFree, mas existem servidores comerciais igualmente. Convém lembrar que o X é apenas uma especificação do protocolo entre servidor (que controla diretamente o terminal gráfico) e os clientes (aplicações).

O uso crescente do Linux como servidor internet para os vários serviços disponíveis, sua robustez, flexibilidade, suporte e recentemente a sua adoção por muitos produtores de software, o tornam um sistema operacional atraente. Além disso, o Linux é o sistema operaional da atualidade que suporta o maior número de plataformas de hardware diferentes, desde computadores pessoais como os X86 e o PowerPC, até workstations e processadores RISC mais modernos.

Nosso objetivo com esse curso será fornecer ao leitor uma visão geral da administração de sistemas para o Linux, sem nos determos demasiadamente nos detalhes específicos de cada comando, mas fornecendo as ferramentas e habilidades básicas para solucionar problemas nas áreas:

Ademais, veremos também algumas tarefas de particionamento de disco, o LILO (gerenciador de bootstrap) e instalação de pacotes de software, que geralmente são fornecidos em forma de fonte (source code). Apesar de existirem atualmente ferramentas como o RPM que viabilizam a instalação automatizada de software binário, com um mínimo de intervenção do operador, em diretórios pre-definidos e testando os requerimentos para a instalação destes programas, muitas vezes desejamos aompanhar mais ativamente o desenvolvimento de aplicações. Estas aplicações sáo normalmente distribuidas na forma .tar.gz, com fontes, makefiles e scripts de configuração, e nesse caso uma maior preparação do operador é necessária, para deixar estes programas funcionando satisfatoriamente no sistema.
rpragana
Tue Dec 29 18:53:04 EDT 1998