Para os amigos tudo vale, aos inimigos, a lei! |
Há um reboliço acontecendo nos meios legais americanos, relacionado com as novas leis de pirataria e cópia de músicas ou outras formas de mídia. A indústria de entretenimento defende com unhas e dentes que sejam modificadas as leis vigentes para tornar marginalizada qualquer tentativa de burlar os "algorítmos secretos" embutidos nos discos DVD. Essencialmente, eles querem proteger o seu patrimônio, o que aparentemente é valido, mas tentam tirar a liberdade dos consumidores fazendo isso. Recentemente, o estado da Virgínia (USA) aprovou a lei UCITA, que entre outros princípios, estabelece que um fabricante de software tem o direito de proibir a engenharia reversa de seus programas. Todas essas proibições artificiais, necessitam do apoio da lei para se tornarem realidade, visto que a presença crescente da internet torna qualquer segredo materia de dias para ser quebrado. Ou diríamos, é impossível simplesmente escondendo os fontes de um programa, proibir que os usuários o consigam reproduzir através de outra tecnologia, sem ser necessário violar o direito autoral do seu produtor. Ambos os assuntos cheiram como o mesmo aroma de duas flores distintas. Querem obter proteção através das leis para algo que a sua competência não é suficiente para protegê-los, e assim continuar a ganhar dinheiro fácil, em um mundo cada vez mais auto-suficiente no que se refere a informação.
Examinemos um paralelo com a máquina copiadora Xerox (MR), que representou sem
dúvida alguma uma dor de cabeça para as editoras e autores de livros. Ela
permite que um livro, que pode ser articialmente taxado um valor
substancialmente maior que o seu custo industrial, ser copiado livremente
para uma classe inteira, por exemplo. Evidentemente, sem a proteção da lei, os
autores poderiam morrer de fome... Mas, espere aí! Tem livros sendo produzidos
no conceito Open Content (conteúdo livre, aberto, copiável) e estas
editoras que assim o fazem continuam subsistindo. Até mesmo o Stephen King
experimentou recentemente a bem sucedida edição de um livro seu via a rede
mundial, e foi possível encontrar editoras dando o seu conteúdo de graça (a
troco de comerciais embutidos). Os norte americanos sempre se mostraram defensores das liberdades e direitos
universais. Espero que não saiam de lá leis absurdas que tentem castrar o
direito de explorar, cheirar, sentir, ouvir, entender, e se aventurar em
examinar o conteúdo do trabalho dos outros. Pirataria nesse sentido não é
pejorativo, é um sentimento incutido dentro da própria essência humana. Afinal,
as leis de propriedade industrial estão aí e quem elas protegeram? Os
cientistas, inventores, técnicos? Ou as grandes companhias? |